08/13/2025
04:16:07 PM
Um tema preocupante está em debate e merece a atenção de pais e responsáveis. A discussão é sobre a exposição de crianças nas redes sociais e por que, mesmo com sistemas de detecção, os casos continuam em alta.
"A internet é a rua, é um lugar público perigoso. Você iria para a rua com um pacote de fotos da sua filha de biquíni, do seu filho sem camisa jogando futebol, da sua filha fazendo balé e sairia distribuindo essas fotos para um estranho que estivesse passando? Quando a gente pega aqui na Vara da Infância, computadores, celulares e extrai o conteúdo em grupos de pedofilia, em comunidades de abuso sexual infantil, 90% do material que a gente encontra não são imagens explícitas. São fotos e vídeos absolutamente normais, da rotina de uma criança, que qualquer mãe, qualquer pai tira, fotos e vídeos e posta nas suas redes", diz Vanessa Cavalieri, juíza da Vara da Infância e Juventude do RJ.
Especialistas e ativistas argumentam que a regulação das plataformas é urgente. Muitos destacam que as próprias empresas de tecnologia têm a capacidade de moderar o conteúdo de forma mais eficaz, mas não o fazem por falta de obrigação. A monetização de vídeos com crianças e a forma como os algoritmos impulsionam conteúdos polêmicos são apontados como parte do problema.
"Todo mundo está ganhando nessa história, existe muito ganho para as plataformas, só a gente que está perdendo por ser exposto a esse tipo de conteúdo", diz Raquel Saraiva, presidente do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec).
Em um debate recente, o termo "algoritmo P" foi citado para descrever essa falha sistêmica, que amplifica a exposição infantil. A discussão é cada vez mais importante, e o governo brasileiro já se posicionou a favor da regulamentação para proteger a integridade de crianças e adolescentes no ambiente digital.
"Crianças não são miniadultas. Elas estão num estágio especial de desenvolvimento psicossocial. Estão desenvolvendo a percepção sobre elas mesmas. Isso [a exposição] pode ser muito ruim para o processo de desenvolvimento", diz Maria, do Alana.
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